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Vista aerea da cidade de São Francisco, um dos 3 mercados mais caros dos EUA

O colapso bancário do Sillicon Valley Bank (SVB) provavelmente abalará um dos mercados imobiliários mais caros do país: o da Califórnia. Após uma queda significativa nos preços das casas, em cerca de 42,8% em 2022, o mercado imobiliário deve ter um aumento de preços exorbitante. Segundo especialistas, o colapso se deve ao aumento da taxa de juros no país e à desaceleração das companhias de tecnologia.

Para quem não está inteirado nos assuntos acerca do Vale do Silício e a sua influência no mercado financeiro, o SVB consiste em um banco criado em 1983, que passou a ter como principais clientes as empresas de tecnologia. A instituição foi responsável por financiar quase metade das startups americanas tecnológicas e de saúde.

Além disso, o SVB foi um investidor chave para financiar projetos de moradias populares na Califórnia, tendo colocado mais de US$ 2 bilhões em investimentos e empréstimos, apenas na Bay Area, durante os últimos 20 anos. A implosão do banco pode agora interromper e atrasar estes projetos.

Por seu domínio de capital e sua fragilização, a economia agora sofre com os efeitos de seu colapso. 

Por que o SVB “entrou em falência”?

Há diversos fatores para o colapso do SVB. Um dos principais se deve ao Federal Reserve Bank (Fed, o Banco Central Americano) de elevar a taxa de juros do país para combater o avanço inflacionário. Isso acarretou na diminuição da atratividade por investimentos de risco, que costumam ter retorno mais alto.

Atrelado a isso, o mercado imobiliário da Califórnia foi diretamente afetada pela crise que atingiu a indústria tecnológica após a pandemia, quando suas receitas em alta começaram a diminuir e até mesmo as gigantes empresas de tecnologia do país anunciaram demissões em massa. 

Na Bay Area normalmente temos mais pessoas que se apegam às ações de tecnologia em comparação com outras partes do país, em parte porque quando você trabalha em uma empresa de tecnologia você recebe opções de ações. Portanto, quando os preços das ações de tecnologia caem, as pessoas se sentem menos ricas”, explica Oscar Wei, economista chefe adjunto da Associação de Corretores de Imóveis da Califórnia, durante entrevista a Newsweek.

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O SVB foi um investidor chave para financiar projetos de moradias populares na Califórnia

Dessa forma, é menos provável que ofereçam um preço mais alto do que costumavam oferecer quando compram uma casa. Ainda segundo Oscar Wei, os preços das ações de tecnologia têm caído um pouco mais rápido em comparação com outras áreas no sul da Califórnia ou no Vale Central, “e isso é em parte por causa do impacto das ações de tecnologia”.

O que esperar do setor imobiliário da Califórnia?

Em meio à atual incerteza em torno do setor bancário, a maioria dos especialistas esperam que o Fed só aumente as taxas de juros em 25 pontos-base. Isto pode acabar ajudando as vendas no mercado imobiliário da Califórnia nos próximos meses. 

Na Califórnia, o preço médio das casas unifamiliares está atualmente (março de 2023) em torno de $750.000, mais do dobro da média nacional dos Estados Unidos.

Em janeiro, o preço médio de venda na Bay Area era de US$ 1 milhão, 35% abaixo do pico de US$ 1,54 milhão em abril de 2022, de acordo com a Associação de Corretores de Imóveis da Califórnia. Mas a queda livre dos preços das casas na Califórnia pode ser interrompida – ou desacelerada pelo colapso da SVB.

“Ao entrarmos na temporada de compra de casas na primavera [entre março e maio], parece que o custo do empréstimo será um pouco mais acessível em comparação com, digamos, duas, três semanas atrás”, disse Oscar Wei. O economista acha que os preços das casas na Califórnia – que têm diminuído mais do que na maioria dos outros estados americanos nos últimos meses – podem finalmente chegar ao valor mais baixo e voltar a subir.  

“Minha crença é que nos próximos dois meses, em março ou abril, poderemos realmente ver a queda dos preços para um média. Portanto, o preço médio pode chegar ao valor mais baixo para o estado nos próximos meses, e então começará a subir de novo”, disse Wei. Isto, no entanto, somente se as falhas bancárias não se espalharem para o sistema bancário mais amplo.

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