Por Julia Melim
Se por um lado as novelas brasileiras possuem um lugar garantido na economia brasileira, agora o cinema brasileiro começa a marcar presença no mercado internacional e mostra que veio pra ficar. O Brasil que lançava cerca de 4 filmes por ano, no ano de 2007* passou a lançar uma media de 40 anualmente Ainda assim nem se compara com o mercado de Hollywood que lança uma media de 40 filmes por mês! No entanto esse crescimento mostra a atual força da indústria cinematográfica brasileira.
O diretor brasileiro Luis Antonio Pereira, que escreveu e dirigiu “Amélio, O Homem de Verdade” e “O Segredo” diz: “o cinema Brasileiro esta em ascensão por causa dos profissionais, porque se a gente fosse depender do governo e dos programas de incentivo de fachada, a gente estava perdida”.
Há algum tempo atrás, filmes brasileiros não atraiam um grande publico e os cinemas passavam muito mais filmes americanos ou europeus do que filmes nacionais. Bom, isso não mudou muito, mas o que mudou mesmo é que agora o cinema brasileiro está ganhando grande atenção internacional e em conseqüência, atraindo um maior publico para os cinemas. Até mesmo nos Estados Unidos – onde há alguns anos ninguém sabia o que era o cinema brasileiro – agora Cidade de Deus consta na lista de filmes favoritos dos americanos.
Quando lançado, em 2007, Tropa de Elite surpreendeu os críticos do mundo inteiro quando recebeu o Urso de Ouro de melhor filme no Festival Internacional de Berlim. O filme fala sobre a Policia Militar no Rio de Janeiro e a luta contra os traficantes nas favelas. O filme Central do Brasil também teve reconhecimento internacional quando foi indicado ao Oscar de melhor filme e a atriz Fernanda Montenegro foi indicada ao Oscar de melhor atriz – mas o filme não ganhou o Oscar e Gwyneth Paltrow foi reconhecida como melhor atriz.
O filme falava sobre a pobreza no Nordeste brasileiro. O filme Cidade de Deus foi o filme Brasileiro com o maior número de indicações ao Oscar – ate agora. Ele foi indicado pra quatro Oscars em 2004: Melhor Cinematografia, Roteiro Adaptado, Diretor (Fernando Meirelles) e Edição(Daniel Rezende). O filme não levou nenhuma estatueta para casa, mas foi o suficiente para marcar a presença do Brasil na cena do cinema internacional. O filme fala sobre a vida nas favelas do Rio de Janeiro, mais especificamente da favela chamada Cidade de Deus.
Todos estes filmes citados têm uma coisa em comum: o tema da pobreza. O que muita gente não sabe fora do Brasil é que a apenas 20 minutos de distancia da violência nas favelas existe um bairro rico chamado Barra da Tijuca – que mais parece Beverly Hills e onde moram atores, cantores e investidores da bolsa de valores. E claro que isto não é uma exceção no Brasil. Mas muitos não sabem que as maiorias das favelas comandadas por traficantes estão localizadas em áreas nobres, onde mansões de milhões de reais e barracos mal construídos dividem a mesma paisagem.
Os filmes brasileiros estão ficando cada vez mais conhecidos por mostrarem a pobreza e a violência nas favelas do Brasil – o que da a impressão de que esta é a única realidade brasileira. É verdade que existem favelas no Brasil, e sim existem injustiças sociais. Mas também é importante falar sobre os problemas sociais e políticos. Por outro lado, o Brasil também tem uma classe média e uma classe alta que quase nunca aparecem no cinema. Isto gera uma imagem distorcida da realidade brasileira: o que não só afeta o cinema como também afeta o turismo.
* Julia Melim é apresentadora, escritora e produtora. A catarinense vive entre as cidades de Los Angeles, Miami, NYC e Las Vegas – www.juliamelim.com
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