Por Fabienne Lopez
Eu li um artigo que me deixou pensativa e a ideia central falava sobre o alto custo que as pessoas pagam para desenvolver a autoestima. Fiquei perplexa. Alto custo! Como assim? Na minha ingenuidade, acreditava que toda ação em benefício da minha autoimagem seria algo favorável, pois os psicólogos não alertam para a importância de uma auto-estima saudável e bem desenvolvida como condição para uma vida feliz e equilibrada?
O reverso da medalha seria a redução do conceito de autoestima a uma fórmula: satisfação material, sucesso social e poder. Pesquisas da Universidade de Michigan mostram que, para alcançar ou manter esta fórmula, as pessoas buscam somente desafios que irão reforçar as qualidades e atributos que contribuem para a autoimagem. Com isso deixam de enfrentar obstáculos e aprender com a experiência. Descartam qualquer coisa que não se coadune com o rótulo adotado.
Com isso, a procura pela autoestima transforma-se em vulnerabilidade psicológica. O indivíduo passa a depender exclusivamente da opinião e da aprovação das pessoas que considera importante para gostar de si mesmo. O referencial torna-se externo e não interno. A autoimagem converte-se em autovalor – mas o autovalor é definido por outra pessoa, não pelo próprio indivíduo.
Quando isso acontece, surge um dilema. Ou a pessoa abafa sua essência para correr atrás de um sonho que não é dela, ou segue sua voz e responde por essa escolha, mesmo na contramão do valorizado socialmente. Naturalmente, quanto maior for a dependência por validações externas, maior será a suscetibilidade da pessoa diante de qualquer ameaça à autoimagem. Para manter o status quo, o indivíduo cria mecanismos de defesa, como a priorização do ter em detrimento do ser, o apego ao binômio reconhecimento público/dinheiro, acreditando ser esta a prova que são felizes e bem sucedidas.
Por serem inerentemente temporárias, essas validações externas necessitam de constante atualização para sustentarem a autoimagem. A preocupação em sentir-se competente e superior pode levar as pessoas a perderem de vista as consequências de seu comportamento e focalizar unicamente na maneira como ele é sentido por eles e visto pelos outros.
Veja a história de profissionais vitoriosos que lotam os consultórios médicos, psicológicos e psiquiátricos. São pessoas que lutaram para atingir uma meta e agora enfrentam a necessidade de trabalhar ainda mais para se manter no topo – pois a exigência nunca para – ou depois de tanto empenho na carreira, não sabem mais como viver. Portanto, a autoestima pode ser incompatível com nossas necessidades fundamentais de relacionamento, aprendizagem e autonomia.
Como, então, desenvolver a autoestima sem cair na armadilha da definição externa? Paradoxalmente, a autoestima pode melhor ser servida quando os objetivos incluem, abrangem ou contribuem para o bem maior da sociedade; quando as pessoas tomam consciência de sua conexão com o mundo e param de se preocupar em saber se possuem algum valor como pessoa.
Significa abandonar uma receita padronizada de vida em favor da singularidade e da imposição de limites a busca pelo sucesso. Significa algumas vezes correr o risco de sermos rejeitados, desaprovados ou considerados um fracasso. Significa aceitar não somente nossos erros, mas sobretudo estar aberto a eles.
Mais importante ainda, denota, principalmente, agirmos em sintonia com nossos valores, convicções, posturas e procedimentos mais autênticos. Isto requer tempo e experiência. Exige também um profundo e contínuo trabalho de autoconhecimento. Trata-se da única maneira de esclarecer o que realmente queremos criar em nossas vidas e compatibilizar autenticidade com autoestima. Para terminar, quero sugerir uma forma bem gostosa de cultivar uma autoestima sadia. Pergunte sempre: Faço todas as coisas que me fazem bem? Tomo decisões em favor de minha felicidade de maneira rotineira?
* Fabienne Lopez é uma astróloga brasileira que reside a vários anos na área da baia de São Francisco. Ela foi uma colaboradora frequente da Soul Brasil durante os anos de 2005 e 2007.
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