O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) relatou um fato aterrorizante em julho deste ano: pessoas vacinadas com a variante Delta carregavam aproximadamente a mesma carga viral em seus narizes e gargantas que as pessoas não vacinadas.
A notícia parecia sugerir que mesmo os vacinados eram altamente vulneráveis a serem infectados e transmitir o vírus a outras pessoas. De fato, histórias sobre pessoas vacinadas contraírem covid-19, as chamadas infecções invasivas, correram por toda parte neste verão: em uma festa em Provincetown, Massachusetts; entre os Chicago Cubs; no Capitólio, entre outros. A nova variante parecia estar mudando tudo.
Nas últimas semanas, no entanto, mais dados foram disponibilizados e isso sugere que o quadro real é menos alarmante. Sim, a Delta aumentou as chances de contrair covid-19 para quase todos. Mas se você for vacinado, uma infecção pela doença ainda é incomum, e as altas cargas virais não são tão preocupantes quanto pareciam inicialmente.
Quão pequenas são as chances de o americano médio vacinado contrair a covid-19? Provavelmente cerca de uma em 5.000 por dia, e ainda mais baixo para pessoas que tomam precauções ou vivem em uma comunidade altamente vacinada.
A probabilidade talvez seja uma em 10.000
As estimativas aqui são baseadas em estatísticas de três lugares que relataram dados detalhados sobre infecções por covid por status de vacinação: Utah; Virgínia; e King County, que inclui Seattle, no estado de Washington. Todos os três são consistentes com a ideia de que cerca de um em cada 5.000 americanos vacinados teve teste positivo para covid019 por dia nas últimas semanas.
As chances são certamente maiores nos locais com os piores surtos da doença, como o Sudeste norte-americano. E em locais com muito menos casos – como o Nordeste, bem como as áreas de Chicago, Los Angeles e São Francisco – as chances são menores, provavelmente menos de 1 em 10.000. É o que mostram os dados de Seattle, por exemplo. (É válido lembrar que esses números não incluem casos não diagnosticados, que muitas vezes são tão leves que as pessoas não os notam e não passam o vírus para mais ninguém).
Seguindo essa probabilidade e uma chance diária de um em 10.000, os cálculos apontam que levaria mais de três meses para o risco combinado atingir apenas 1%. Para os não vacinados, é claro, as chances de infecção são muito maiores, como observou o Dr. Jeffrey Duchin, médico e Chefe da Seção de Epidemiologia e Imunização de Doenças Transmissíveis, órgão da Saúde Pública em Seattle. Essas chances também aumentaram muito mais desde que a Delta começou a se espalhar.
Se todo o país tivesse se vacinado na mesma taxa que o Nordeste ou a Califórnia, a atual onda da variante Delta seria uma pequena fração de seu tamanho atual. Sim, a variante é um problema, mas não se vacinar é o problema maior.
Conclusão
Esses números ajudam a mostrar por que o tema “cargas virais” é tão problemático. Mesmo quando o tamanho da carga viral é semelhante, o vírus se comporta de maneira diferente no nariz e na garganta de vacinados e não vacinados.
Em uma pessoa não vacinada, a carga viral é semelhante a um exército inimigo enfrentando pouca resistência. Em uma pessoa vacinada, o sistema imunológico humano lança uma resposta poderosa e tende a prevalecer rapidamente – geralmente antes que o corpo do hospedeiro adoeça ou infecte outras pessoas. O fato de as cargas virais serem inicialmente semelhantes em tamanho pode acabar sendo irrelevante.
O fato é que não está claro o quanto devemos nos preocupar com a variante Delta e o atual estágio da pandemia. Para os vacinados, a covid-19 se assemelha a uma gripe e geralmente é leve. Já para os não-vacinados, a doença pode ser fatal.
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