Por Cris Guzzi
Janeiro de 2018 inaugurou a temporada de premiação de audiovisual por todo o cenário nacional e internacional. Dando destaque para as notórias premiações norte-americanas – que parecem servir, pelo menos para os cinéfilos de plantão, como medidores de temperatura para o principal prêmio da indústria, o Oscar – tivemos, entre outras, as comentadas noites de celebração do Golden Globe, do Producers Guild of America Awards, do Critics Choice Movie Awards e, no último dia 21, do Sag Awards.
Com produções diversificadas, presenciamos o reconhecimento de um ano extremamente autoral nas séries e nos filmes contemplados como os melhores, com o destaque para o predomínio de narrativas que tocam em conteúdos que, há muito, necessitavam de um revisitar mais reflexivo. Logo no dia 23 de janeiro, eis, então, que os indicados oficiais para o Oscar foram anunciados.
O Brasil, seguindo o eco de um ano de mudanças, desafios, acertos e progressos em nosso cenário do audiovisual, obteve duas presenças igualmente fortes e no páreo para a consagrada noite do dia 4 de março. Me Chame Pelo Seu Nome, do diretor Luca Guadagnino, uma co-produção entre Itália, França, EUA e Brasil, foi indicado como Melhor Filme e tem como seu produtor o brasileiro Rodrigo Teixeira, já conhecido pelos sucessos em longas como Frances Ha e A Bruxa. Na categoria de Melhor Animação, o filme O Touro Ferdinando, produção da Blue Sky Studios, tem em sua direção o brasileiro Carlos Saldanha, tendo já em sua trajetória os sucessos de A Era do Gelo e Rio.
Ambas indicações tratam, cada um com sua especificidade temática e com nuances estéticas diversificadas, de assuntos universais, tais como o florescer de um primeiro amor ou mesmo a aceitação do que é diferente. De uma poesia refinada, embalada por um tempo da contemplação caro ao tempo do Amor, Me Chame Pelo Seu Nome estabelece um exercício de fruição estético para quem lê, assiste, escuta e contempla seus diálogos, suas imagens, sua trilha e suas referências ressoantes com a história do cinema, com a história da arte, com a história da literatura.
Já O Touro Ferdinando, pelas potencialidades do estouro imagético próprio das animações, delineia, em tela, a leveza e a comicidade no trato de temas sensíveis à humanidade, como a importância da natureza e o respeito à diversidade. Duas indicações, portanto, que seguem a coerência das vozes que despontam nas demais premiações, ora já festejadas, e que já rendem, ao Brasil, um despertar de olhares afinados logo no começo de um ano que tanto promete em nosso cenário do audiovisual.
Para conferir a lista completa dos indicados ao Oscar de 2018, clique aqui.
* Cris Guzzi tem pós-doutorado em Estudos Literários (com pesquisa sobre Cinema, Literatura e Televisão) pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” e é produtora e pesquisadora de conteúdo do LABRFF (Los Angeles Brazilian Film Festival).
Uma excelente colaboração de Cris Guzzi, com texto marcante e esclarecedor.
Vale a pena seguir.
Parabéns! 🎉