A única vacina contra o HIV em estado avançado de desenvolvimento falhou durante a fase de testes. A atualização foi divulgada pela fabricante Janssen, que pertence à Johnson & Johnson, na segunda metade de janeiro de 2023. Apesar da tentativa mal sucedida, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) comunicou que os esforços em busca de vacinas e de uma cura contra o HIV devem continuar.
Os estudos da vacina Mosaico tiveram início em 2019, através de uma parceria entre o governo dos EUA e Janssen. O imunizante recebeu esse nome por ser composto por diferentes sequências genéticas, de diversas linhagens diferentes do HIV. A pesquisa da Mosaico foi conduzida em oito países da Europa e das Américas, incluindo os Estados Unidos.
Infelizmente, os testes não indicaram eficácia para conter a propagação da infecção pelo HIV. Dessa forma, os ensaios foram interrompidos. O antigo chefe do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID), Dr. Anthony Fauci , declarou à mídia americana que os resultados foram “obviamente decepcionantes”. Contudo, ele foi rápido em dizer: “não creio que as pessoas devam desistir no campo da vacina contra o HIV”.
Andamento da vacina Mosaico
Antes de ser aplicada em seres humanos, a vacina foi previamente testada em macacos. O imunizante foi aplicado em 4 doses – em um intervalo de 0, 3, 6 e 12 meses – utilizando a tecnologia de vetor viral com adenovírus. Dessa forma, o sistema imune do indivíduo vacinado é apresentado a vários fragmentos virais, o que induz o desenvolvimento de imunidade contra a infecção em uma exposição posterior ao vírus. Depois de imunizados, os primatas tiveram uma redução de quase 70% nas infecções por HIV.
Em humanos, os testes foram aplicados em 3.900 voluntários, sendo homens que fazem sexo com homens e pessoas trans, considerados pertencentes ao grupo de alto risco de infecção pelo vírus HIV. Parte dos pacientes, no entanto, recebeu doses de placebo. Quando comparados com os participantes que receberam doses sem eficácia, os participantes vacinados com a Mosaico também não apresentaram êxito na contenção da infecção por HIV.
Qual o futuro da luta contra o HIV?
Com o resultado, os testes foram interrompidos. Apesar disso, a diretora executiva do Unaids, Winnie Byanyma, esclarece que “a decepção com o teste da vacina destaca ainda mais a importância de lançar inovações disponíveis no tratamento e prevenção do HIV”. Entre essas ações está a utilização da intervenção oral PrEp, para evitar a infecção pelo vírus, além dos injetáveis de longa duração e do anel vaginal.
Segundo a diretora do Unaids, ainda que os testes tenham falhado, o mundo ainda pode acabar com a Aids até 2030. Contudo, líderes mundiais devem contribuir com a causa investindo recursos e esforços.
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