Quase sete mil brasileiros estão distribuídos em cerca de 88 países e tentam voltar para casa sem sucesso, pela falta de voos e de recursos, já que, devido à pandemia do novo coronavírus, a maior parte dos países fechou suas fronteiras, inclusive Estados Unidos e Brasil.
Os números fazem parte de um relatório elaborado pelo grupo de acompanhamento criado pelo governo, ao qual O GLOBO teve acesso. Os autores do documento alertam que a situação dessas pessoas é crítica e, em alguns casos, podem se tornar insustentáveis.
Pelo mapeamento, a Europa é a região onde há mais brasileiros retidos, com 2.706 pessoas em 17 países. A tendência é de queda desse volume de pessoas, em razão ao aumento dos voos que têm partido, sobretudo, de Portugal, Itália, Reino Unido e Espanha. Eles são turistas, moradores ilegais e também estudantes, todos tentando retornar ao Brasil.
Na América do Norte, há 247 cidadãos do Brasil, sendo o país mais problemático o México, onde 35 brasileiros sofrem “desgaste físico, mental e financeiro”. No México, as fronteiras estão abertas, mas os voos comerciais para o Brasil estão totalmente suspensos. O país continua recebendo estrangeiros e a fronteira terrestre com os Estados Unidos foi fechada para turismo, mas segue aberta para trânsito de mercadorias e de pessoas por motivos essenciais (como trabalho).
Nos Estados Unidos, por exemplo, Daniele Moreira, natural de São Paulo, relatou a um portal brasileiro que chegou ao país norte-americano no dia 30 de janeiro a passeio e que se hospedou na casa de uma amiga, na cidade de Lake Charles, no estado de Louisiana. No entanto, a volta de Daniele, prevista para o dia 8 de abril, sofreu alterações ainda em março.
A autônoma afirmou que a última recolocação em um voo para o Brasil, a qual ela conseguiu na última terça-feira (28), foi cancelada em menos de 24 horas pela companhia aérea. O retorno estava previsto para o início de maio, pouco mais de um mês após o retorno previsto inicialmente. Daniele segue na casa de sua amiga, que tem condições financeiras para passar pelo momento de dificuldade, e aguarda seu retorno para o Brasil.
Casos como esse fazem crescer as demandas por auxílios financeiros para hospedagem, transporte e manutenção de turistas que se declaram desvalidos nos EUA. O Itamaraty informou que não teria como consolidar os números de pedidos de ajuda de brasileiros em situação de “desvalimento” nos Estados Unidos em tempo hábil. Por exemplo, na última semana, apenas o consulado em Boston recebeu mais de 900 pedidos de ajuda, e o número tende a aumentar conforme a quarentena se prolongue. Assim como os outros consulados brasileiros no país têm recebido uma demanda maior que a média e seguem trabalhando apenas pelo telefone ou email.
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