img freepik com filhos medios com dispositivos internos 23 2149056211Quando é o momento certo para dar um celular a uma criança ou adolescente? Essa é uma dúvida que ronda a cabeça de muitos pais, educadores e especialistas ao redor do mundo, especialmente em tempos onde a tecnologia está cada vez mais presente na vida dos jovens. Os efeitos do uso de smartphones no comportamento, na saúde mental e no aprendizado de crianças e adolescentes são amplamente discutidos, e diversas iniciativas surgem para regular ou restringir o uso desses dispositivos nas escolas.

No Brasil e nos Estados Unidos, cresce o movimento para limitar o uso de celulares nas escolas, com recomendações de especialistas sugerindo que apenas estudantes acima de 14 anos deveriam ter celulares próprios.

O Ministério da Educação (MEC) do Brasil está elaborando um projeto de lei que será enviado à Câmara dos Deputados em outubro de 2024 para proibir o uso de aparelhos celulares nas escolas, tanto da rede pública quanto da privada. A justificativa é que os celulares têm atrapalhado o andamento e o rendimento dos alunos em sala de aula.

Nos EUA, em junho de 2024, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, propôs a proibição do uso de smartphones nas escolas públicas do estado. Essa iniciativa também visa combater o cyberbullying e a distração em sala de aula, alinhando-se a uma tendência nacional que já se manifestou em estados como Flórida e Indiana, onde também foram impostas restrições.

Uma pesquisa de 2023 do Pew Research Center revelou que 72% dos professores do ensino médio consideram os celulares um grande problema em suas salas de aula. O cirurgião-geral dos EUA, Dr. Vivek Murthy, também emitiu um alerta sobre os efeitos das redes sociais na saúde mental dos jovens, ressaltando que o estresse dos pais em monitorar o uso de celulares por seus filhos é uma preocupação crescente.

pessoas viciadas em seus smartphones e1727310437132Como as escolas lidam com a questão dos celulares?

Apesar das preocupações e das medidas em andamento, muitos pais acreditam que é essencial que seus filhos tenham celulares por motivos de segurança, especialmente em emergências, como tragédias escolares.

Por conta disso, algumas instituições, como o Distrito Escolar de Granite, em Utah, buscam soluções intermediárias que permitem o uso de celulares, mas com restrições, como o armazenamento dos dispositivos em bolsas que limitam o acesso durante as aulas.

Em Nova Jersey, algumas escolas adotaram abordagens mais flexíveis. Após ouvirem as preocupações dos pais, uma escola decidiu permitir o uso controlado dos celulares, restringindo-os apenas durante as aulas. Essa estratégia busca equilibrar a necessidade de manter os jovens conectados para emergências, sem comprometer seu desempenho acadêmico.

Os impactos do uso excessivo de celulares

Os efeitos do uso excessivo de celulares e redes sociais vão muito além da sala de aula. Estudos mostram que as redes sociais podem fomentar comparações sociais constantes, o que tende a agravar problemas de autoestima e aumentar os níveis de ansiedade.

A American Psychological Association aponta que as plataformas de redes sociais não são seguras para crianças, já que elas podem não ter o autocontrole e a maturidade necessários para se protegerem dos perigos online, como assédio e roubo de identidade. Um dos aspectos mais alarmantes, no entanto, é a exposição a conteúdos inapropriados, que podem incluir bullying, mensagens sexuais e imagens perturbadoras.

Outro aspecto preocupante é o impacto no desenvolvimento social e emocional dos jovens. O uso excessivo de celulares pode limitar interações presenciais e prejudicar o desenvolvimento de habilidades interpessoais, como empatia e resolução de conflitos. Especialistas alertam que crianças e adolescentes que passam muito tempo em seus dispositivos podem ter dificuldades em se expressar e se comunicar, tanto com seus pares quanto com adultos.

Além disso, o uso constante de dispositivos móveis está associado a distúrbios no sono. Um estudo da National Sleep Foundation revelou que o uso de telas antes de dormir prejudica a qualidade do sono, pois a luz azul dos celulares interfere na produção de melatonina, o hormônio que regula o ciclo do sono. Isso pode levar a fadiga crônica, dificuldade de concentração e, a longo prazo, ao desenvolvimento de transtornos mentais como ansiedade e depressão.

meninas adolescentes celularPara os adolescentes, o uso do celular ainda pode se tornar ainda mais arriscado, pois pode resultar em distração ao dirigir, aumentando o potencial de acidentes. Há também o risco de roubo de telefone, tanto no ambiente escolar como nas ruas.

Como os pais devem agir?

Não se pode negar que a tecnologia também traz benefícios significativos para os jovens, quando usada da maneira certa. Os celulares podem ser ferramentas valiosas de aprendizado, permitindo o acesso a plataformas educacionais e jogos interativos que estimulam o raciocínio lógico, além de manter as crianças conectadas com a família. Contudo, o desafio é encontrar um equilíbrio entre o uso saudável e a dependência.

A orientação e o acompanhamento dos pais são fundamentais nesse processo. Psicólogos recomendam que os pais estabeleçam limites claros para o tempo de uso dos celulares, incentivando atividades ao ar livre, esportes e hobbies que promovam interações face a face. Isso contribui para o desenvolvimento de habilidades sociais e ajuda a construir uma relação mais saudável com a tecnologia.

É essencial que os pais/responsáveis atuem como guias, estabelecendo limites e promovendo um uso equilibrado. Assim, é possível aproveitar os benefícios da tecnologia, enquanto se minimizam os riscos que podem afetar o bem-estar e o desenvolvimento dos jovens em um mundo cada vez mais conectado.

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