No sábado (9), as 10h às 16h, aconteceu um evento gratuito chamado de “Rally of our Rights”, no centro de Los Angeles, organizado pela entidade sem fins lucrativos “Somos Califórnia”, que atraiu milhares de imigrantes. O evento com cunho político, mas que ofereceu também entretenimento com apresentações ao vivo de cantores latinos como Peter Escovedo e Poncho Sanches, voltou a lembrar os direitos dos imigrantes indocumentados e, em particular, lembrou o dia 8 de novembro de 1994, 25 anos atrás.
Naquele ano, ocorreu o fatídico terremoto de Northridge, e os imigrantes indocumentados da Califórnia dormiram com duas más notícias: o governador republicano Pete Wilson que focava na criminalização dos não documentados havia sido reeleito; enquanto os eleitores do estado aprovavam a controversa Proposição 187, que negava serviços de saúde e educação aos indocumentados.
A lembrança desses dois fatos tem uma forte influência nas políticas do estado em relação à imigração, pois a partir de uma lei anti-imigrante houve uma virada na política durante esses últimos anos ao ponto de a Califórnia se tornar um estado santuário e protetor dos direitos dos imigrantes ilegais. A partir dessa preposição 187 e do medo que ela trouxe, houve um despertar de uma geração de líderes hispânicos com o decorrer dos anos.
Esses resultados eleitorais, na época, abalaram vários jovens latinos que nos dias seguintes decidiram fazer algo para ajudar suas comunidades: entrar para a política. Como exemplo, citamos dois desses meninos e que hoje em dia têm cargos importantes no governo da Califórnia. Xavier Becerra é o procurador-geral do estado e Alex Padilla é o chefe da secretaria de estado.
Ambos fazem parte da resistência contra o presidente Donald Trump, que usa uma retórica semelhante à do governador Peter Wilson na época. Graças ao estado nos últimos anos ter contado com maioria democrata, assim como políticos de peso (e que foram ou seus pais foram imigrantes), na luta em favor de leis que protejam os imigrantes e as minorias, o governo Trump tem sentido dificuldade de achar colaboradores em sua ações.
No momento atual, por exemplo, o Procurador Geral da Califórnia já entrou com mais de 50 ações em defesa dos famosos “dreamers” (estudantes) e migrantes que recebem assistência do governo. Além disso, muitos desses latinos, hoje políticos ou com cargos públicos importantes no estado, se opõem à regra do confinamento indefinido de crianças, à construção do muro na fronteira e à solicitação do quesito que pede informação de cidadania no Censo.
“Vinte e cinco anos depois, tenho orgulho de dizer que a Califórnia é um lugar que trata os imigrantes com respeito e que acolhe pessoas que trabalham duro”, disse o Procurador Geral da Califórnia, Xavier Becerra. O secretário geral do estado Alex Padilla, por sua vez, lembrou o dia em que marchou com sua família para a cidade de Los Angeles protestando contra a 187. “O triunfo, depois nos tribunais, dessa lei em 1994 me marcou para sempre. Não tive escolha a não ser me envolver na política” disse o funcionário público.
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