Na última terça-feira (14), o governo americano cancelou a exigência de que estudantes estrangeiros, para permanecer no país, assistissem a aulas presenciais durante a pandemia de Covid-19. Em uma rara e rápida reversão da política de imigração, o governo se curvou à oposição das universidades do Vale do Silício e de 20 estados e abandonou o plano de retirar vistos de estudantes internacionais que não comparecessem a pelo menos algumas aulas presenciais.
A política, que teria submetido estudantes estrangeiros à deportação, caso não comparecessem no campus, causou tumulto não apenas nos Estados Unidos — onde as universidades começavam a discussão em torno da reabertura dos campi durante a pandemia — mas também em outros países, como China e Índia, que possuem milhares de estudantes com esse tipo de visto em solo americano.
A perda de estudantes internacionais poderia custar milhões de dólares às universidades e prejudicaria a varias empresas do Vale do Silício, que perderiam a capacidade de contratar trabalhadores altamente qualificados, os quais geralmente iniciam a carreira nas universidades americanas.
Dois dias após o anúncio da medida de suspensão dos vistos, a Universidade de Harvard e o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), duas das mais ricas universidades americanas, iniciaram as primeiras ações judiciais para bloqueá-la. No dia da revogação do decreto, minutos antes de um juiz federal de Boston ouvir argumentos da administração federal, a juíza Allison D. Burroughs anunciou a rescisão da medida por parte do governo, permitindo aos estudantes internacionais permanecerem no país, mesmo com todas as aulas online.
A administração federal argumentou que a exigência de participação em pelo menos uma aula presencial era, na verdade, mais branda do que a regra vigente há quase 20 anos, a qual exigia dos estudantes estrangeiros a realização da maior parte de suas aulas pessoalmente. Essa regra foi temporariamente suspensa em 13 de março, quando o governo declarou emergência nacional por conta da pandemia, e os campi de universidades aderiram às aulas online em tempo integral.
Em 6 de julho, o governo anunciou que estudantes estrangeiros não poderiam permanecer nos Estados Unidos caso as aulas fossem completamente virtuais. A cada ano, cerca de 1 milhão de estudantes internacionais se matriculam em universidades americanas, contribuindo anualmente com US$41 bilhões para a economia do país e dando apoio a mais de 450.000 empregos de qualificação específica.
Facebook Comments