Recentemente temos observado uma tendência de queda do Dólar nos mercados financeiros, o que tem levado muitos investidores e estrategistas a acreditarem que essa moeda de reserva global pode estar passando por uma mudança significativa. Na segunda semana de julho de 2023, as ações nos Estados Unidos subiram bastante devido a sinais de que a inflação está desacelerando, trazendo esperanças de que o Federal Reserve (Fed) poderá controlar os preços sem afundar a economia em uma recessão.
Vale mencionar que, no final da segunda semana de julho, o dólar interrompeu uma sequência de três dias de queda e terminou o dia com um pequeno ganho em relação ao real brasileiro. Na ocasião, o dólar fechou em R$4,79, subindo apenas 0,12% em comparação ao dia anterior.
De acordo com Steven Barrow, chefe de estratégia G-10 do Standard Bank, a previsão de que o dólar entrará em “em uma tendência de baixa de vários anos baseada em parte no fato de que o ciclo de aperto do Fed se transformará em um ciclo de flexibilização”, o que levará à queda do dólar, mesmo quando outros bancos centrais também estiverem cortando taxas.
Essa expectativa de que o Fed interromperá os aumentos das taxas de juros tem levado o mercado a prever cortes inevitáveis em algum ponto de 2024.
Impactos globais
Essa prolongada desvalorização do dólar pode ter impactos significativos nas economias globais e nos mercados financeiros. Países em desenvolvimento podem se beneficiar com a redução nos preços das importações, o que pode ajudar a aliviar as pressões inflacionárias. Além disso, moedas como o iene, que têm estado em queda há meses, têm potencial para se fortalecer, enquanto estratégias de negociação vinculadas a um iene mais fraco podem ser afetadas.
De maneira mais ampla, uma moeda americana mais fraca tende a impulsionar as exportações das empresas dos EUA, prejudicando seus concorrentes na Europa, Ásia e em outros lugares. Além disso, a queda de 2% no índice Bloomberg do dólar na semana passada também contribuiu para o aumento nos preços de commodities cotadas em dólar, como petróleo e ouro.
Muitos investidores têm esperado por uma tendência de baixa do dólar há meses, e a recente desvalorização levou gestores de fundos a se prepararem para um desempenho melhor em moedas como o iene e moedas de mercados emergentes. Peter Vassallo, gestor de fundos da BNP Paribas Asset Management, está apostando em ganhos para o dólar australiano, o dólar neozelandês e a coroa norueguesa.
No entanto, é importante destacar que essas previsões também carregam riscos. Investidores já foram prejudicados no passado por apostar prematuramente em cortes nas taxas de juros do Fed, o que poderia fortalecer o dólar novamente. A economia dos EUA tem mostrado resiliência, e o Fed pode continuar aumentando as taxas para combater a inflação. Segundo Georgina Taylor, da Invesco Asset Management, embora as taxas de juros estejam oscilando, ela ainda não desconsideraria o dólar, considerando a diferença absoluta nos rendimentos reais, que permanece alta.
O Goldman Sachs Group Inc. prevê que qualquer declínio do dólar provavelmente será menos acentuado do que em ciclos anteriores, graças à resiliência da economia dos EUA. No entanto, o apoio ao dólar pode desmoronar se o Fed interromper suas ações de combate à inflação enquanto o Banco Central Europeu mantiver taxas mais altas por mais tempo.
Por fim, é importante observar a teoria do “sorriso do dólar”, que sugere que a moeda geralmente se fortalece em tempos de recessão severa ou de forte crescimento econômico e enfraquece em períodos de crescimento moderado. Portanto, um cenário de aterrissagem suave para a economia dos EUA pode ser o mais favorável para um dólar mais fraco.
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