Por Rosana Braga
Todo ciumento, em seu estado de sã consciência, sabe muito bem que de nada adianta esbravejar, brigar, discutir e se corroer por dentro por causa de suas fantasias alucinantes, de seus pensamentos devoradores e de suas loucas ‘certezas’, quase sempre infundadas. Mas de nada lhe adianta saber, porque quando o ciúme chega, toda a razão se esvai. O que impera é uma espécie de lente de aumento, tornando qualquer situação uma grande probabilidade de perda daquilo que se ama. Quando dá por si, lá está ele esbravejando, brigando, discutindo e se corroendo por dentro por causa de suas fantasias alucinantes, de seus pensamentos devoradores e de suas loucas certezas, muitas vezes infundadas.
Difícil explicar o ciúme, porque ele não se baseia em fatos reais, mas no modo como o ciumento interpreta tais fatos. O ciumento parece estar constantemente em alerta, pronto para obter, enfim, a prova de que suas suspeitas estavam certas. É um bom exemplo para o ditado que diz que “quem procura, acaba encontrando”. Ele está sempre procurando algo que o valide, que dê a ele a sensação – ainda que seja a mais temida e a mais dolorosa – de que realmente estava certo.
Se o ciúme te incomoda e te faz mal, certamente está na hora de parar de lutar contra ele, tal qual um Don Quixote lutando contra os moinhos de ventos, e descobrir a ponta do fio da meada; somente assim você conseguirá desatar os nós, entende? Não se trata, portanto, de lutar contra si e seus sentimentos, mas de acolher-se, compreender-se e transformar-se. Afinal, o ciúme nada mais é do que a percepção (ainda que inconsciente) de que não temos garantias e nem controlamos o que o outro sente e pensa. É a certeza de que, por mais que tentemos, nem sempre conseguimos ser o centro dos desejos dele.
Mais do que amar o outro, o ciumento quer possuí-lo, considerando que o desejo da posse pode ser exercido de muitas maneiras diferentes. De acordo com as crenças de cada um, a prática e a expressão do ciúme ocorrerão de formas distintas. Vamos descrever alguns tipos de ciumentos, até para elucidar algum desavisado de que o seu sentimento é ciúme, embora ele tente – o tempo todo – garantir que não, dando outros nomes ao que está sentindo, tais como cuidado, respeito, educação, atenção, amor, etc.
* Ciumento bicudo: é aquele que, ao ver ou imaginar uma situação em que lhe parece evidente a possibilidade de perder a pessoa amada ou simplesmente deixar de ser o foco de sua total atenção, se fecha.
* Ciumento vingativo: é aquele que, diante dos sentimentos citados acima, comuns a todos os ciumentos, apressa-se em dar.
* Ciumento barraqueiro: este tipo é o que não pensa duas vezes antes de sair dando.
* Ciumento coitadinho: é o tipo que sempre acredita estar sendo enganado, traído, desconsiderado. Julga o outro e os demais.
*Rosana Braga vive em São Paulo, é jornalista e autora de vários livros sobre autoajuda e relacionamento amoroso. Colaborou com a Soul Brasil nos dois primeiros anos da revista – www.rosanabraga.com.br
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