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Halysson Araujo da Silva, conhecido artisticamente como Haleu, nasceu em São Paulo e  foi criado em uma família com forte presença musical. Sua infância foi embalada pelos acordes do choro de Pixinguinha e Dilermando Reis, os boleros de Nelson Gonçalves, os sambas icônicos de Fundo de Quintal, Alcione e Almir Guineto e ritmos das Escolas de Sambas Paulistanas.

O primeiro contato direto com o ritmo aconteceu ao ver seu tio tocar repique de mão, algo que o marcou profundamente. Mais tarde, acompanhou o grupo de samba Feitiço no Ar, uma rapaziada que, apesar de mais nova, possuía maturidade musical admirável. “Foi uma escola para mim. Eu me sentava, ouvia e aprendia. Essa convivência despertou o desejo de tocar mundo afora”, conta.

Haleu tinha um grande sonho: morar nos Estados Unidos. Desde 1999, quando visitou seu primo Zaca e sua tia Dona Vani em Nova York, ele sabia que retornaria. Por um acordo com seus pais, resolveu primeiro concluir os estudos. Assim, em 3 de setembro de 2002, desembarcou novamente em NYC. 

“O impacto inicial não foi tão grande, pois Nova York tem a energia de São Paulo. Mas a solidão bateu forte, pois meus parentes estavam sempre ocupados. Isso me levou a explorar a cidade e descobrir sua rica cena musical”, explica. Foi nessas caminhadas que conheceu o jazz nova-iorquino e, inesperadamente, reencontrou suas raízes brasileiras ao esbarrar com o grupo Choro Ensemble. O percussionista Zé Maurício lhe presenteou com um pandeiro, o que abriu caminho para conexões importantes no cenário musical. “Foi um período de aprendizado intenso, conhecendo e tocando com artistas como Nani Assis e Caco Oliveira, que me ensinaram muito sobre ritmos brasileiros”, relembra.

Em outubro de 2006, Haleu decidiu se mudar para San Diego, acompanhando sua então namorada, que havia recebido uma proposta de trabalho. Inicialmente, hesitou. “Eu morava no Brooklyn, Nova York, por que me mudaria? Foi meu pai, que na época descobriu estar doente, que me disse: ‘A vida tem limites, enquanto o seu não chega, aproveite’”, conta. Assim, embarcou em uma nova fase da vida.

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A adaptação a San Diego foi desafiadora. “Era um ambiente muito diferente de Nova York e São Paulo, com um ritmo mais tranquilo. No início, estranhei as festas que terminavam cedo, mas logo percebi que a vida diurna era mais saudável”, diz. Ele rapidamente encontrou espaço na cena musical local, integrando os grupos SambaChopps e Mais que Nada, além de se aproximar de grandes instrutores e diretores de percussão como Fabio Oliveira, Fabio Velloso, Carlinhos Pandeiro de Ouro e Jorge Alabe.

Haleu destaca as diferenças culturais. “Nada se compara ao Brasil no quesito calor humano e celebração da vida. Aqui nos EUA, temos mais segurança e oportunidades, mas o ritmo social é outro. No Brasil, nos reunimos mais, celebramos mais. Já aqui, mesmo com amigos próximos, há um distanciamento maior”, observa. Seu conselho para brasileiros que desejam seguir um caminho semelhante é: “Venha preparado. Aprenda inglês, crie uma rede de contatos e estude a cultura local. 

Ao longo de sua trajetória nos Estados Unidos, Haleu participou de projetos de grande relevância, como o Brasil Council on Samba, Choro Sotaque, Maracatu Jangada, e Banda Radio Brazil no Arizona. Co-fundou o grupo Resenha California e teve a oportunidade de acompanhar artistas renomados como Jorge Aragão, Neguinho da Beija-Flor e Marquinhos Sensação. Atualmente, é diretor de bateria da Supersonics Samba School e atua em diversos eventos culturais pela Califórnia.

Quando perguntamos sobre o impacto da inteligência artificial na música, ele respondeu com sentimento: “Não vejo problema em usá-la como complemento, mas música é calor, interação. Ela nunca substituirá a emoção de uma roda de samba”, afirmou. O paulista encontrou nos Estados Unidos um espaço para expandir sua carreira, mas nunca esqueceu suas raízes. “James Brown dizia: ‘Listen to the music…’ e Jair Oliveira cantava: ‘Hoje só quero que o dia termine bem’. Música é vida, é cura. Toquem, dancem, celebrem. E nos vemos nos sambas da vida!”  @haleu_percussao  

Se gostou da história de Haleu, é bom saber que já contamos a história de mais de 60 músicos brasileiros residentes no Sul da Califórnia, celebrando suas trajetórias e contribuições para a música. Confira o especial completo e mergulhe nesse universo de talento e cultura!