Otto Ehling, nascido no final dos anos 80 em Los Angeles, é uma verdadeira sinfonia de culturas e talentos que se entrelaçam para criar uma narrativa musical e visual única. Filho de uma baiana de Salvador e um pai americano que trabalhou por muitos anos como ator coadjuvante nos estúdios de Hollywood, Otto traz consigo uma bagagem cultural rica e diversificada.
Seu pai, de familia alemã e nascido em São Francisco, era um artista especializado em mosaicos. Durante suas viagens pelo mundo, incluindo Itália, França e Brasil, ele encontrou a mãe de Otto em um charmoso café em Salvador. “Ele conheceu minha mãe enquanto esperava na fila para experimentar um bom café brasileiro e, com sorte, um pouco de açaí. Tornaram-se correspondentes depois que ele voltou para os Estados Unidos e, em pouco tempo, casaram-se, tendo-me logo em seguida”, ele conta.
A infância de Otto foi marcada por viagens anuais ao Brasil, onde ele se tornou apaixonado pela culinária, música e cultura local. Otto relata que sua mãe, imersa na rica tradição musical de Salvador, trouxe para a família a essência da música brasileira. “Minha mãe ouvia Gal Costa, Caetano Veloso, Ivete Sangalo, entre outros. Toda essa música influenciou minha performance de Jazz, mas, mais importante, deu-me um ritmo tão forte quando me apresento”, pontua o músico.
Desde os dois anos de idade, Otto começou sua jornada musical como pianista e, no ensino médio, frequentou uma escola focada em estudos musicais, o Hamilton High School. “Meu pai e minha mãe me permitiram ser livre, mas esperando que eu cumprisse minhas responsabilidades. A Hamilton High foi ótima porque me abriu para o Jazz, teatro musical, música pop e meus olhos para o mundo dos shows. Um dos meus primeiros trabalhos foi tocar no casamento de Ashton Kutcher e Demi Moore”, relata.
Aos 18 anos, ele já tinha se apresentado em teatros importantes de Los Angeles. Não demorou para que ele ganhasse uma bolsa de estudos integral na Universidade de Nevada, em Las Vegas, onde fez Bacharelado em Clássico e Jazz, mestrado em Jazz e doutorado em música clássica. Tudo enquanto trabalhava na Las Vegas Strip em diferentes shows!
A paixão de Otto pela música brasileira não se limita apenas à performance. Durante sua juventude, ele organizava concertos beneficentes para arrecadar fundos para crianças desfavorecidas nas favelas brasileiras. A reviravolta em sua carreira veio com a mudança para Las Vegas, onde ele se juntou ao Cirque du Soleil.
“Tem uma pequena comunidade de acrobatas, nadadores sincronizados e músicos brasileiros com quem trabalho. Alguns do Rio, São Paulo e Salvador! Nos reunimos uma vez por mês para fazer Feijoada com farofa e ouvir música brasileira”, diz Otto. Sua dedicação e talento também o levaram a se tornar diretor musical de Donny Osmond e a se apresentar em shows com várias celebridades, desde Britney Spears até Bad Bunny.
A vida de Otto se entrelaça com a de sua esposa Chandra Meibalane, uma talentosa violinista que também traz consigo uma carreira musical destacada. “Ela teve uma carreira idêntica à minha. Começou aos 3 anos, venceu competições e atualmente se apresenta com Adele no Caesars Palace [Las Vegas]. Ela também se apresenta com o Rod Stewart em suas turnês. A razão pela qual funcionamos tão bem é nossa compreensão da dedicação necessária para uma carreira na música”, ressalta o músico.
A jornada de Otto Ehling (tente achar ele no Instagran e direcione please) é uma celebração da diversidade cultural e musical, um testemunho de como as raízes brasileiras podem influenciar e enriquecer uma vida e carreira. Enquanto a tecnologia na música avança, o músico valoriza a autenticidade da performance ao vivo. “Acredito que a IA será usada como uma ferramenta na maioria das coisas no futuro. Pessoalmente, evito usá-la. No entanto, nada supera uma performance ao vivo. A música está aqui para ressoar com as pessoas”, diz ele. Para Otto, afinal, a música é uma expressão humana que vai além das capacidades de qualquer máquina.
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