Por Laís Oliveira
A música está em um momento completamente novo neste mundo contemporâneo. O rádio ainda existe, mas o streaming e as novas plataformas de música mudaram a forma como as pessoas consomem e proporcionaram um ambiente mais democrático para o ouvinte e o músico. Agora artistas famosos e desconhecidos, com ou sem investimento, podem divulgar seu trabalho musical nas mesmas plataformas e alcançar grandes números no ambiente digital.
Quem costumava ouvir no rádio suas canções e artistas prediletos têm optado por aplicativos de música como Spotify, Soundcloud e Deezer entre outros. Entre os atrativos estão a agilidade na escolha, o poder de repetir a música que se gosta, e a opção de organizar playlists de artistas favoritos e ouvir quando quiser – sem precisar esperar a música A ou B tocar.
O que os brasileiros ouvem?
De acordo com o relatório de 2019 do site Mundo da Música (Brasil), especializado na indústria musical, variados estilos cresceram no ambiente digital e tiveram queda nas rádios. No primeiro trimestre de 2019, o estilo “pop” conseguiu estabelecer um crescimento de 16% no Spotify e 8% no YouTube. No entanto, nas rádios teve uma leve queda de 1%.
O maior crescimento foi com o samba – Spotify (+35%), You Tube (+97%), e Rádio (+35%). Estilos que já algum tempo dominavam, no entanto, tiveram queda. Um exemplo é o sertanejo, que teve saldo negativo em todos os formatos – Spotify (-5%); YouTube (-5%), e Rádio (-5%).
Isto não quer dizer que o rádio vai morrer, assim como se afirmava com a televisão, a revista e outras mídias tradicionais. Estes meios estão, na verdade, se adequando à necessidade de gerações que buscam cada vez mais conteúdo de qualidade e entretenimento. O streaming para rádio está aí para provar isso.
No caso dos músicos, especialmente os desconhecidos ou independentes, as plataformas digitais se tornaram aliadas na divulgação de trabalhos e, quem sabe, único meio de se fazer conhecido de públicos maiores. Isto porque as cifras não mentem: ainda custa muito caro ter sua música divulgada em rádios.
Quem já teve acesso à lista de valores de “jabás” das principais rádios do Brasil, por exemplo, sabe que não se fala de poucos dígitos. Além disso, não basta pagar, os programadores têm que querer tocar sua música, e a fila de espera é grande. Então resta a milhares de artistas divulgarem seu trabalho da forma que podem e de acordo com seus orçamentos.
Quais as vantagens de investir na musica por internet?
O fato é que, mesmo artistas de renome mundial tem escolhido divulgar novas músicas, singles e álbuns em plataformas digitais devido ao grande alcance e possibilidade de rápida divulgação graças às redes sociais. Ninguém joga pra perder na grande indústria da música. Plataformas como Spotify, iTunes, SoundCloud, Bandcamp, Tidal, Deezer, Napster, Shazam, Google Music, Amazon Music, e agora o YouTube Music, estão preocupadas em ganhar milhões e manter sua relevância e independência editorial atraindo diversos artistas e públicos.
Para músicos menos conhecidos, também existem plataformas de serviços de distribuição, e aqui nos Estados Unidos podemos mencionar Amuse, Distrokid, CD Baby, Tunecore, Ditto, Record Union, Spinn Up, AWAL, United Masters e Level. O fato é que a internet mudou para sempre o cenário da indústria da música e vários artistas vem sabendo usar as novas tecnologias digitais. Por outro lado, alguns artistas com menos conhecimento têm tido dificuldades quando se trata de escolher e/ou usar as plataformas mais eficazes para promover sua música.
No meio de tantas ofertas é essencial ter um entendimento claro de como lidar com essas três perguntas:
1) Quais comunidades são as mais populares entre o seu público-alvo?
2) Por que elas são poderosas (ou seja, quais as capacidades e recursos)?
3) Quais são as circunstâncias apropriadas para se colocar um plano em ação?
Em 2018, o rapper norte-americano Drake lançou o álbum Scorpion que rapidamente virou o mais vendido do mundo. Quem abriu o Spotify em qualquer lugar do mundo na semana do lançamento viu a imagem do Drake como capa de várias playlists. Muita gente então se perguntou: quanto se paga para colocar um artista na capa de uma playlist oficial do Spotify? A resposta é: nada.
Para estar na capa oficial das playlists do Spotify, por exemplo, é preciso analisar o tamanho do artista, a qualidade do lançamento, o relacionamento do escritório ou da label com o Spotify e se o editor das playlists gostou da faixa. Além disso, há a vontade do Spotify em criar um case de sucesso no seu território. Em uma analogia rápida, a mesma divulgação de trabalho numa rádio se necessitaria milhares de dólares e espera.
Quando falamos dos EUA, apesar de gigantes da música estarem buscando diversificar os meios de divulgação de seus trabalhos, o rádio continua na liderança no modo como os norte-americanos descobrem novas músicas.
A Nielsen, empresa de análise de dados que monitora o consumo de entretenimento nos Estados Unidos, revelou em seu relatório anual Music 360 de 2018 que a rádio ainda é a principal forma de as pessoas descobrirem novas músicas. Além disso, os relatórios de pesquisa de audiência em grande escala do grupo mostram que a porcentagem de americanos com 12 anos ou mais ouvindo rádio transmitido semanalmente permaneceu relativamente estável de 1970 até hoje.
Esses números podem intrigar: se há Spotify, SoundCloud, etc, por que aderir a um formato antigo que oferece muito menos? Os dados revelam que “para muitas pessoas, a disponibilidade de tanta música levou ao que alguns acadêmicos e analistas chamam de tirania de escolha”, explicou Larry Miller, diretor do programa de negócios musicais da Steinhardt School da New York University. “Você é confrontado com toda a música do mundo, mas o que diabos você deveria ouvir? Alguém me diz! O que é bom?”.
A maioria das pessoas simplesmente não se importa tanto assim; eles querem que a música seja uma experiência passiva, tranquila, algo para se ter ao fundo enquanto eles cozinham, limpam, dirigem, relaxam, enfim, vivem suas vidas. São tantas opções que muitos preferem sentar e ter outra pessoa – um DJ, uma lista de hits baseada em gráficos, qualquer autoridade confiável na rádio – assumir o controle colocando o que ele deve escutar. É por isso que os serviços de streaming estão cada vez mais parecidos com o rádio.
Essa divisão de opiniões e diferentes formas de escolher o que ouvir é uma característica bastante democrática da era digital: pode ser que queira apenas ligar o rádio e ir fazer alguma coisa; pode ser que você queira montar uma playlist com um artista ou estilo específico; pode ser que você queira uma lista de músicas prontas para sua festa, seja qual for sua vontade, há opções para todo mundo, de qualquer idade, geração e gosto musical.
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