Por Lindenberg Junior e Sandra Lobo
Depois de 70.000 km percorridos desde a Argentina até o Alasca, o sonho de um casal argentino se cumpriu quando chegaram ao Oceano Ártico. Candelária e Herman Zapp partiram de Buenos Aires em 25 de janeiro de 2000 em um carro antigo, ano 1928, com o plano de alcançar sua meta em seis meses. Acabaram levando três anos e meio para chegar ao Ártico, onde, no meio do caminho, acabaram ficando sem dinheiro e tendo um filho. “Este era nosso sonho desde que éramos crianças”, comenta Hermann, que conhece Candelária desde os 8 anos de idade.
A viagem que pensavam em fazer com a mochila nas costas se transformou em uma incrível aventura, quando cinco meses antes de partirem, um mecânico lhes ofereceu um carro Graham-Paige, 1928, com motor original e rodas com aros de madeira. Batizaram o carro “Macondo Cambalache”, e apesar de fazer apenas 50 km/h, foi para eles a melhor escolha: simplesmente fazia com que as pessoas sorrissem por onde passavam, e abriu as portas de milhares de casas de família que os abrigaram ao longo desta aventura.”Saímos da Argentina para conhecer um continente com seus países e paisagens, mas, nos demos conta de que o melhor era sua gente.Os lugares nós levamos na mente, mas, as pessoas, no coração”, completa Hermann. Durante o percurso, conviveram com pessoas de todo o tipo. Pessoas de poucos recursos, que lhe ofereceram sua cama, comida e se despediram pedindo desculpas por não poderem oferecer mais, e também pessoas ricas que lhes hospedaram em mansões.
Para os Zapp, sua chegada ao Ártico só foi possível porque receberam ajuda dessas pessoas durante a viagem. O carro está em melhores condições do que quando saíram porque mecânicos do Clube de Carros Antigos sempre assistiram a eles e ao carro.
No Texas, ganharam um set completo de rodas. Quando Nahuel Pampa nasceu, os médicos deram toda a assistência médica sem cobrar nada por isso, e as pessoas doaram roupas para a criança. “Ficamos sem dinheiro, e essa ajuda foi nossa maior benção”, diz Candelária. “A partir desse momento, nos abriu um mundo diferente, mudamos muito”, completa.
Antes comiam em hotéis por sua própria conta, passando pelos lugares como turistas; depois, começaram a conviver com a gente, a dormir em suas casas e a fazer novos amigos. Diante da necessidade aprenderam o que eram capazes de fazer.Ela começou a pintar pássaros em aquarelas; Hermann os emoldurava e vendia.Na Colômbia, Mário Tarud, um artista plástico, imprimiu um postal sobre a viagem, que eles vendiam a troco de contribuições. No México, calendários, e em Costa Rica, imprimiram seu primeiro livro, intitulado “Atrapa Sueños”.
Macondo os levou por lugares extraordinários. Partiram do quilômetro “0” da Argentina, cruzaram o Chile, o deserto de Atacama, foram a Bolívia e logo depois, às ruínas de Machu Pichu, no Peru.No Equador, ficaram sem dinheiro e construíram uma balsa para descer o rio Amazonas até Manaus, no Brasil.Conheceram índios que nunca haviam visto um carro, comeram piranhas, formigas, crocodilos e todo o tipo de animais da selva.
Do Brasil cruzaram a Venezuela, Trinidade e Tobago e a Colômbia, onde a família Suarez lhes conseguiu 3 empresas de carros que queriam cruzar o carro até o Panamá, sem nenhum custo. A solidariedade das pessoas continuou surpreendendo o casal quando outra empresa pagou as passagens aéreas. Na Guatemala tiveram momentos românticos,em Belize souberam que seu filho estava por vir. Passaram pelo México e em 4 de junho de 2002, já nos Estados Unidos, na cidade de Greensboro, Carolina do Norte, nasceu Nahuel Pampa.
Visitaram a costa leste dos Estados Unidos e Detroit (berço da fábrica Ford), e pela rota 66 chegaram a San Fernando Valley, para finalmente partirem para o Alaska e Oceano Ártico. Agora, a família se encontra em Anchorage, Alaska, tratando de conseguir um barco que os ajude a levar seu carro novamente a América do Sul.
Para eles, é o fim de um sonho maravilhoso, mas outro começa a ser desenhado: o casal planeja escrever um outro livro, voltar a Argentina, criar seus filhos no campo, e receber em sua casa todos os que os ajudaram. Em 11 de setembro chegaram ao Ártico com muito frio, neve e seu filho Pampa com 15 meses de idade. Para eles, o sonho de cruzar as três Américas e chegar ao Alasca, hoje, é uma realidade. Candelária e Hermann aprenderam que nada é impossível e que para cumprir algo, é necessário apenas começar!
Para entrar em contato: Tresamericas@yahoo.com ou através do website http://www.argentinaalaska.com/blog/We-are
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