dolar cotacao projecaoO ano de 2023 testemunhou um surpreendente enfraquecimento do dólar americano, com uma queda de 7,20% até o dia 15 de dezembro e se prognosticando uma perda entre 7% a 8% até o último dia de 2023 em relação ao real brasileiro. Este fenômeno, impulsionado por fatores tanto internos quanto externos, desenvolveu considerável especulação sobre o que o futuro reserva para a moeda de reserva global.

A desvalorização do dólar em 2023 foi moldada por uma confluência de fatores, sendo a inflação nos Estados Unidos um dos principais catalisadores. Com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) registrando um aumento atípico de 3,1% em dezembro, as preocupações com a saúde da economia americana foram exacerbadas. Paralelamente, a Ásia também desempenhou um papel crucial, com a China revelando um crescimento de 4,9% no terceiro trimestre de 2023, abaixo das expectativas.

E falando em China, existem rumores que os chineses anunciem a sua moeda Yuan “backed by gold” ainda em janeiro de 2024. Uma vez lançado, este “yuan de ouro” incentivará as nações ao redor do mundo a abandonar o comércio internacional em dólares americanos para mudar para o yuan. Alguns países perderam a confiança no dólar depois que os EUA congelaram as reservas em dólares da Rússia e a China tenta explorar essa desconfiança para tirar vantagem. Apoiar o yuan seria drenar trilhões de dólares da economia americana e o dólar em si poderia despencar em comparação com outras moedas.

Por outro lado, surpreendentemente, o Brasil enfrentou um período de crescimento modesto, reportando um aumento de 0,1% no PIB do terceiro trimestre de 2023. Contrariando as expectativas de queda, o país alcançou um nível 7,2% acima do registrado no último trimestre de 2019, antes da pandemia. Lembramos que o dólar começou o ano em R$ 5,28 e deve encerrar 2023 em torno dos R$ 4,90 e isso fez dele um dos piores investimentos do período.

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Como mencionamos no artigo “O enfraquecimento do dólar e seus efeitos ao redor do mundo”, publicado em julho de 2023, a desvalorização prolongada do dólar não apenas impacta as economias globais, mas também influi nos mercados financeiros. Países em desenvolvimento podem se beneficiar com a redução nos preços das importações, aliviando pressões inflacionárias. No entanto, as moedas de países como o Japão podem fortalecer-se, enquanto estratégias ligadas a moedas mais fracas podem ser afetadas.

A fraqueza do dólar tende a impulsionar as exportações americanas, prejudicando concorrentes globais. A recente queda no índice Bloomberg do dólar contribuiu para a alta nos preços das commodities cotadas em dólar, como petróleo e ouro.

Perspectivas para 2024

real moeda brasil

A expectativa do dólar em 2024 é um tema que atrai considerável especulação. O Brasil, por exemplo, pode seguir dependendo da evolução das contas públicas frente à própria austeridade do governo federal. Em entrevista à revista Valor Econômico no Brasil, a economista chefe do banco Inter, Rafaela Valeria, estimou que os juros no Brasil em 2024 devem ficar em 9%. No cenário internacional, os movimentos do Federal Reserve (Fed) ganham destaque, especialmente após a “super quarta” do dia 13 de dezembro (2023) que fez sinalizações de novas quedas nos juros para 2024.

O cenário político e econômico nos EUA será com certeza um fator chave para a valorização ou desvalorização do dólar em 2024. A incerteza sobre o compromisso futuro do Banco Central do Brasil (BC), especialmente com a saída prevista do presidente Roberto Campos Neto em 2024, adiciona complexidade às projeções, que não estão isentas de riscos.

A política dos bancos centrais dos EUA e da Europa, a possível suavização (dovish) dos mesmos e as implicações geopolíticas de eventos como o conflito entre Israel e Palestina são variáveis que podem alterar significativamente o curso das moedas globais, incluindo o dólar.

A teoria do “sorriso do dólar” que sugere uma moeda mais forte em tempos de recessão ou crescimento econômico robusto e mais fraca em períodos de crescimento moderado, adiciona uma camada de complexidade às previsões. Uma aterrissagem suave para a economia dos EUA pode favorecer um dólar mais fraco.

Devemos ficar atentos, portanto, aos movimentos dos bancos centrais, a evolução das contas públicas brasileiras e os eventos geopolíticos que moldarão o destino do dólar nos próximos meses.  Nós da Soul Brasil estamos sempre “De Olho no Dólar”, nossa página atualizada diariamente, de segunda a sexta, com a cotação do dólar diante do real e análises recentes sobre a movimentação do dólar no cenário mundial.

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