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Por Bruno Romani

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Com 25 anos de estrada nas costas, os Titãs voaram longe e acabaram em Los Angeles e San Francisco nos últimos dias 6 e 7 de novembro… Os shows foram no Avalon em Hollywood e no Mezzanine em SF e contou com uma platéia carente de Brasil. Quando se mora tão longe de casa, qualquer coisa que lembre a terra onde canta o sabiá é suficiente para causar uma fagulha de felicidade. É por essa via que acontece o processo de transformação de roqueiros que passam a admirar samba e fãs de samba que passam a ouvir rock, brasileiro é claro. Em SF particularmente, onde presenciei o show, o evento por si só era um mosaico humano, tal qual o Brasil. Uma colagem de histórias pessoais; gente com emprego em multinacional a entregador de pizza, pessoas na mais tenra idade a gente que já era grande quando os Titãs começaram. Todos se congregaram em torno da saudade.

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A banda paulistana entrou com o jogo já ganho e para arruiná-lo só uma dessas catástrofes do tamanho do “Big One.” Começaram logo com “AA UU,” “Domingo” e “Flores” para não dar chance para o azar. As pessoas pulavam e cantavam com tanta energia que deixavam a impressão de que assim que as portas fossem abertas haveria uma padaria pronta para servir pão com mortadela e guaraná, enquanto a televisão mostra um jogo de futebol qualquer. Os poucos gringos, que compareceram mais pelas nossas belas mulheres do que pelo show em si, tiveram que parar por um segundo e reconhecer que abaixo do Equador a platéia também faz parte do show. Daí vieram as baladas radiofônicas, especialidade da casa desde o acústico, e o clima de flerte que já rolava muito antes das portas abrirem dominaram as pessoas. Os Titãs embalaram os casais que se formaram durante a execução dos sambas, pagodes e afins que rolaram no sistema de som do clube. É a banda a serviço da balada alheia.

O tutano da apresentação ficou para a parte final, quando os músicos contratados deixaram o palco apenas para os cinco integrantes originais. Branco Mello e Paulo Miklos tomaram respectivamente o baixo e a guitarra. Apesar da dificuldade óbvia de ambos com os instrumentos, essa mudança passou uma impressão mais orgânica, como uma banda de garagem, como rock n’roll deve ser. Coincidência ou não, foi com essa formação que vieram os clássicos “Cabeça de Dinossauro,” “Polícia” e “Bichos Escrotos.” Antes que acabassem essas horas mágicas em que a terra mãe veio visitar seus filhos expatriados, o público ainda testemunhou na voz de Branco Mello “O Pulso” (boa) e “Marvin” (nem tão boa assim). Para o bis restaram “Go Back,” “Comida” e “Pra Dizer Adeus.” Para Andréa, motorista há 4 anos em San Francisco, não é chegada a hora de dizer adeus ao Brasil ainda. Feliz, como muitos, por ver os Titãs, agora ela espera por Bruno & Marrone e outros…

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