Renata Grisoli

O alerta para a escassez do petróleo faz com que o perigo de desabastecimento valorize esse produto que movimenta toda a economia mundial e pode provocar enormes impactos. Combustível não-renovável e localizado em sua grande parte em regiões politicamente instáveis, que por anos foram e ainda são palco de intensas disputas, o tema passou nos últimos anos a ocasionar temor e também polemica nos últimos anos em conseqüência das energias chamadas de renováveis.

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Sendo base para a produção de fertilizantes utilizados em todas as culturas de alimentos, bem como o protagonista da matriz de transportes mundiais, o petróleo e seu elevado preço pode ser considerado como um dos principais fatores para a recente crise de alimentos que assombra muitos países.

Aliado ao problema econômico também está a conseqüência ambiental da utilização dessa matriz energética. Sabe-se que a queima desse combustível contribui e muito para o aquecimento global, devido às altas taxas de emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera. Assim, se faz extremamente visível e necessária uma revolução no setor energético, que abale as estruturas da dependência petrolífera e destaquem a utilização de combustíveis mais sustentáveis.

Diante desse panorama, o Brasil se faz extremamente importante para o cenário mundial, emergindo como uma potência no que diz respeito ao crescimento de energias renováveis, principalmente ao etanol. Apesar dos EUA ainda serem os primeiros em produção de álcool combustível, sabe-se que muito dessa posição é relacionada com a quantidade de subsídios governamentais. Além do mais, é grande a discussão quando se trata da qualidade energética da matéria-prima utilizada (milho) para a produção do etanol.

O Brasil avança em segundo lugar em produção mesmo não recebendo subsídios governamentais e contando com as características energéticas da cana-de-açúcar que fazem com que no balanço final a produção através dessa matéria-prima seja mais vantajosa do que qualquer outra até hoje estudada. As terras brasileiras contam com características geográficas e climáticas que o favorece na produção de cana-de-açúcar. Apesar de ainda haver uma dependência do petróleo, o objetivo do país é o crescimento pela matriz energética sustentável, além da possibilidade de exportação e favorecimento de outras nações.

Cientificamente já comprovado, o etanol emite menos gases de efeito estufa do que os outros combustíveis, além de proporcionar a incorporação de CO2 durante o metabolismo de crescimento da cana-de-açúcar, contribuindo assim com a desaceleração do processo de aquecimento global. Acerca dessas características, o país conta ainda com um enorme diferencial relacionado à frota de automóveis que utilizam a tecnologia “flex”, que permite uma flexibilidade a respeito do combustível que será utilizado no carro, podendo ser gasolina, álcool ou os dois misturados.

Sabe-se que o Brasil é o único país no mundo onde os carros rodam com 100% de álcool, além de ter 25% do produto adicionado à gasolina. Nos EUA e na Europa, os carros denominados “flex” utilizam 15% de gasolina e 85% de etanol, proveniente do milho, beterraba e grãos. Este fato contribui como incentivo à produção de etanol, evitando a dependência da gasolina, estando parcialmente seguro às oscilações do mercado de petróleo.

Diante desse cenário, o Brasil possui grandes chances de se tornar uma nova potência energética, apesar dos apelos mundiais sobre a invasão em áreas amazônicas. O que em suma não é verdade, partindo do pressuposto de que quase que a totalidade das plantações canavieiras estão à uma distancia segura deste bioma, se restringindo basicamente à região nordeste e sudeste do país.

Especulações e críticas não podem abalar a política de desenvolvimento do país. Há diversos projetos no âmbito energético incluindo desde tecnologias de coletores solares a estudos com biomassa. Porém ainda faltam maiores incentivos à pesquisa, a políticas certas que direcionem o perfil e estabeleçam diretrizes administrativas, assim como de planejamento, não só com relação às fontes renováveis de combustíveis, mas a toda matriz energética brasileira.

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