Por Ana de Oliveira
Em 1961, a revista norte-americana ‘Life’ enviou o fotógrafo Gordon Parks ao Rio de Janeiro para documentar a pobreza no Brasil. Ao chegar lá, Parks encontrou Flávio da Silva, um garotinho de 12 anos que, além da vida castigada pela miséria, sofria de asma crônica. Parks, então, espelhado em sua própria infância na periferia, criou um laço sentimental com Flávio e o transformou no tema principal de seu trabalho no Brasil.
A fotorreportagem de Parks com 12 páginas intitulada ‘Freedom’s Fearful Foe: Poverty’ foi um sucesso, causou enorme comoção entre os leitores da ‘Life’ e resultou numa arrecadação espontânea de fundos para que Flávio pudesse vir aos Estados Unidos tratar da saúde. Anos depois, Parks ainda viria a fotografar Flávio em outras ocasiões, e o último encontro entre os dois aconteceu no final dos anos 90 antes da morte de Parks em 2006.
Gordon Roger Alexander Buchanan Parks foi alem de fotógrafo, músico, escritor e diretor de cinema. Ele se tornou proeminente no fotojornalismo documentário nos EUA entre os anos 1940 e 1970 em temas sobre direitos humanos, pobreza e particularmente, em questões sociais e direitos dos afro-americanos.
As fotos de Parks sobre Flávio, apesar da estética e beleza, transparecem de forma impressionante a dor e o sofrimento da família de Flávio. É a arte cumprindo sua missão: emocionar, incomodar e fazer pensar.
Foi inaugurada na sexta, dia 19 de julho, no Getty Center, em Los Angeles, a retrospectiva fotográfica ‘GORDON PARKS: THE FLÁVIO STORY’. Assim como Parks em 1961, encontrei no evento de abertura Flávio da Silva que, no alto dos seus 70 anos, ainda carrega pureza no olhar, a mesma do garotinho retratado na parede. A exposição está em cartaz até o dia 10 de novembro (2019). Vale a pena conferir! Para saber mais e planejar sua visita ao Getty Center clique aqui.
* Ana de Oliveira é fotógrafa e produtora cultural. Para conhecer mais seu trabalho visite: www.anadeoliveira.com
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