Um vídeo gravado por torcedores brasileiros ao lado de mulher russa durante a Copa do Mundo deu o que falar nas redes sociais. Nele, o grupo de homens vestidos com a camisa da seleção do Brasil entoam uma frase machista e vulgar relacionada ao órgão sexual feminino e incitam a moça – que não entende nada do que dizem – a “cantar junto”, mesmo que ela não soubesse o significado das palavras.
Pouco tempo depois, as imagens caíram nas redes e rodaram o Brasil e vários lugares do mundo e ao contrário do que esperavam os protagonistas brasileiros, a mensagem não caiu como piada. Ganhou o nome que lhe cabe: assédio sexual.
A revolta com o comportamento dos brasileiros estimulou os internautas procurar e a expor os nomes dos agressores. Com isso, os personagens do vídeo foram identificados: o primeiro foi o advogado pernambucano Diego Valença Jatobá, ex-secretário de Turismo, Esporte e Cultura em Ipojuca, em Pernambuco. O segundo foi o tenente da Polícia Militar de Santa Catarina, Eduardo Nunes. O engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho é o terceiro a ser reconhecido. Felipe Wilson, funcionário da Latam Airlines, trabalhava no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e foi o último a ser exposto.
No Brasil, os protagonistas do vídeo já começaram a ser punidos. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) emitiu nota de repúdio ao caso. Diego Jatobá será investigado pelo Tribunal de Ética da Ordem e pode ser punido até com a exclusão do seu registro. A Latam Airlines confirou que, depois de uma apuração, a companhia demitiu o colaborador Felipe Wilson.
A Polícia Militar de Santa Catarina afirmou que não concorda com a atitude “incompatível com a profissão e o decoro de classe” de Eduardo Nunes e informou que abrirá um processo administrativo disciplinar contra o militar. O engenheiro Luciano Gil Mendes Coelho foi o único que, até agora, não teve nenhuma punição exposta sobre o caso.
Alguns dias após a repercussão do vídeo em questão, grupos de mulheres que lutam pelos direitos femininos no Brasil decidiram se juntar em uma campanha contra esse tipo de violência. Os coletivos “Não é Não”, do Rio de Janeiro, “As Minas”, de São Paulo, e o “Tamo Juntas”, de Salvador, lançaram a campanha #200milliontimessorry para, em nome dos brasileiros, pedir desculpas pelo ocorrido.
Homens e mulheres já participaram. Basta usar a inscrição #200milliontimessorry nas redes sociais e publicar um vídeo com pedidos de desculpas e afirmações de que o país não é representado por cidadãos como os vistos na Copa do Mundo praticando assédio e machismo. Os organizadores vão juntar o conteúdo e fazer uma longa compilação para que a russa, que sofreu com a situação, receba o material.
Para conhecer o vídeo oficial da campanha, clique aqui.
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