Milhares de brasileiros entram nos EUA anualmente, a maioria de forma legal, para estudar ou trabalhar, e com data certa para voltar ao Brasil. Uma outra parte já vai preparado para permanecer, mesmo que seu status de “ilegal” em solo norte-americano se concretize e o domínio do idioma inglês seja uma barreira. O número dessa outra parte, os que querem ficar e tentar a vida nos Estados Unidos, vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Mas, infelizmente, o número de detentos por infringir leis americanas também tem aumentado.
De acordo com um relatório de junho de 2018 do Departamento de Segurança Interna dos EUA, cerca de quinhentos brasileiros estão em prisões do país sob acusação de violar as leis de imigração. Destes, 207 já têm contra si ordens de deportação. Os demais aguardam o julgamento final, que muitos tentam adiar com a apresentação de recursos e pedidos de libertação sob fiança.
A população carcerária brasileira tem um perfil nos Estados Unidos distinto do registrado nos demais países. Fora dos EUA, a principal razão para o encarceramento de brasileiros é o tráfico de drogas, que responde por cerca de 40% das detenções. Em solo americano, as violações relacionadas à imigração lideram a lista, segundo a embaixadora Luiza Lopes, diretora do Departamento Consular de Brasileiros no Exterior do Itamaraty.
Segundo o Itamaraty, 40% dos cidadãos brasileiros que estavam detidos em dezembro de 2018 em solo americano teriam tentado entrar no país de maneira irregular ou ficado além do tempo permitido por seus vistos, como os que recebem vistos de turistas e que geralmente se vence seis meses após a entrada nos EUA. O tipo de crime que aparece em segundo lugar nessa mesma lista é o de natureza sexual.
A crise econômica no Brasil e as dificuldades de se conseguir emprego, principalmente nos últimos seis anos, entre 2013 e 2019, elevou o número de brasileiros que entram ou permanecem nos EUA de maneira irregular. Os que não conseguem visto de turista arriscam a vida cruzando a fronteira com o México. Muitos deles levam filhos, como ficou evidenciado na crise de separações de famílias provocada pela política de “tolerância zero” do governo Donald Trump.
Outros tipos de crimes comumente associados a brasileiros nos mais diversos estados dos EUA são fraude de identidade, fraude financeira (como fraude de cartões de crédito), usar número de seguro social falso, crimes de natureza violenta e sexual, e inclusive, nos últimos anos, no envolvimento com gangues que praticam assaltos e sequestros. Estima-se que o número de imigrantes, legais ou ilegais, atualmente presos em território americano, esteja na casa dos milhares.
É importante salientar que estrangeiros que tenham cometido um crime comum nos EUA também estão sujeitos à deportação após o cumprimento da pena. Nesse caso, inicia-se novo processo a cargo das autoridades de imigração e o acusado costuma ser mantido detido em um centro de detenção migratório após cumprir a pena anterior.
Apesar das notícias recorrentes de brasileiros presos, cumprindo pena ou deportados dos EUA, os números revelam que os que cometem crimes no país são minoria. Os Estados Unidos são o lar da maior comunidade brasileira no exterior, formada por mais de um milhão de pessoas. Não se sabe ao certo quantos estão em situação irregular, mas a maioria forma um grupo de trabalhadores dedicados e que são responsáveis por 41% das remessas de dinheiro enviadas ao Brasil no ano anterior (2017).
Porém é preciso que aqueles que não chegam aos EUA com boas intenções compreendam que por aqui as leis são cumpridas. O famoso “jeitinho brasileiro” não funciona ou, se funcionar, tende a ser por pouco tempo e/ou ter duras consequências. Aos que não cumprem as leis e se metem em problemas ou delitos, por menores que sejam, é bom lembrar que também podem ter outras consequências futuras, como um pedido de Green Card ou cidadania negado.
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