A urgência de uma vacina contra o Covid-19 está comprimindo anos em meses. Para isso, os pesquisadores devem lidar com questões de segurança, desafios comerciais e, inclusive, tensões geopolíticas. Estão em jogo decisões governamentais, desafios de produzir doses suficientes para bilhões de pessoas, e também lucros de bilhões por parte de empresas e laboratórios.
Sete dos cerca de 90 projetos de vacinas em andamento atingiram o estágio de ensaios clínicos, avançando a velocidades inéditas, mas a incerteza permanece acima da eficácia, a rapidez com que uma vacina poderia ser disponibilizada a milhões (ou bilhões) de pessoas e se a a pressa sacrificará a segurança. Qual país ou empresa vencerá a corrida? Segundo especialistas,será necessário que haja muitas vacinas diferentes para cruzar a linha de chegada.
Algumas autoridades de saúde pública dizem que o campo mais imediatamente promissor pode ser o desenvolvimento de tratamentos para acelerar a recuperação. E nesse caso, o remdesivir, um medicamento antiviral previamente testado na luta contra o ebola, surgiu como uma opção aqui nos Estados Unidos, mas para muitos médicos e cientistas, ainda está longe de ser o ideal.
O remdesivir, um medicamento antiviral inicialmente projetado para tratar a hepatite e um vírus respiratório comum, parecia destinado a se juntar a milhares de outros medicamentos com falha após provar-se inútil contra essas doenças. A droga foi enviada para a pilha de sucata farmacêutica, e quase esquecida pelos cientistas que uma vez a defenderam.
No dia 29 de abril, a FDA americana (Food and Drug Administration), emitiu uma aprovação de emergência para o remdesivir como tratamento para pacientes em estado grave pelo Covid-19. A história do resgate e transformação do remdesivir testemunha o poderoso papel desempenhado pelo financiamento federal, que permitiu aos cientistas que trabalhavam na obscuridade buscar pesquisas básicas sem benefícios financeiros óbvios. Esta pesquisa quase inteiramente tem subsídios do governo dos EUA.
O início dos testes foi patrocinado pelo National Institute of Allergy and Infectious Diseases e incluiu mais de 1000 pacientes hospitalizados. O que foi descoberto é que aqueles que receberam remdesivir se recuperaram mais rapidamente do que aqueles que receberam placebo: em 11 dias, contra 15 dias. Mas a droga não reduziu significativamente as taxas de mortalidade, e alguns críticos observaram que o objetivo primário do estudo – sua medida de sucesso, havia sido no diminuição do tempo de recuperação.
Anthony S. Fauci, diretor do instituto e no comando de estratégias contra a pandemia nos EUA, disse que os resultados foram uma prova e muito importante, porém não um “nocaute”. Nesse mesmo dia, 29 de abril, o presidente Trump, em pronunciamento nacional, disse ser a droga “realmente promissora” para o momento. É um ótimo primeiro passo”, disse Robert Finberg, que comanda as pesquisas da universidade de medicina de Massachusetts. Existem grandes esperanças agora depositadas nessa droga. Até o ministério da saúde do Brasil entrou em contato com o governo americano para saber mais sobre a droga.
Mas nem todos estão convencidos. Um estudo na China, publicado na semana anterior do dia 29 de abril, em Lancet, descobriu que o medicamento não oferece benefícios para pacientes graves. E muitos especialistas querem ver os dados do estudo do Instituto Americano, pois até essa data havia apenas anúncios sobre os resultados por parte de funcionários do governo dos EUA.
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