Foram dois meses de um intenso mergulho na realidade dos conhecidos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A vida difícil, o medo constante, o desejo de paz, que para muita gente está tão longe. O que aconteceu com o projeto de pacificação de 2010 e a promessa de acabar com a violência que assassina jovens diariamente?
Para responder esta e outras perguntas, a repórter Bette Lucchese e os cinegrafistas Piero Caputo e Júnior Alves, do RJTV, ouviram moradores, autoridades, especialistas em segurança e líderes comunitários. E o resultado desta pesquisa foi o documentário intitulado de “Complexo”, que será exibido em cinco capítulos no RJTV 1ª edição entre segunda (5) e sexta-feira (9).
Com imagens inéditas da ocupação, números chocantes, flagrantes do abandono dessa região do Rio, o documentário vai expor a real situação em que se encontram os moradores, muitas vezes intimidados pelo traficantes da região, como as mortes violentas marcaram e ainda marcam a vida de muitas crianças, como os que sonham com um futuro de paz e boas condições para sua família vivem, entre outros.
Violência endêmica
Em abril, foram apenas nove dias sem tiros. Em maio, só 11. Um levantamento feito pelo núcleo de jornalismo de dados da Globo mostra o número de mortes violentas na região dos complexos do Alemão e da Penha, nos últimos 15 anos. Foram 2.622 vítimas entre 463 mil moradores, segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP).
O número é três vezes maior que na Zona Sul, que tem o dobro de moradores: segundo o ISP, são 973 mil pessoas, e 724 mortes em 15 anos. A Anistia Internacional também revela: de 5 de junho de 2016 a 5 de maio deste ano foram 51 mortos, entre eles quatro policiais militares. Dos 95 feridos, 32 eram PMs.
Raul Santiago, do Coletivo Papo Reto, descreve a rotina atual dos moradores: “Hoje a gente aqui gravando e está tendo tiro desde 6h. Então, antes de sair de casa, a gente não procura saber sobre a reunião, o lugar que a gente tem que ir, se vai rolar aquele encontro. A gente procura saber se está dando tiro, se a gente vai conseguir sair, se as crianças vão conseguir ir para a escola”.
O documentário será um excelente infográfico que mostrará a dura realidade de milhares de cariocas. Para os residentes do Rio, uma ótima pedida, e, quem sabe, uma chance de ser um grito de socorro para que as autoridades busquem soluções para o quadro exacerbado de violência na região. Já para nós, de fora do Brasil, ficaremos aguardando o documentário em uma plataforma como o YouTube.
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